Exposição | No Centenário de Vasco Gonçalves | 1 e 29 de agosto de 2025 - Galeria de Exposições da Biblioteca de Azeitão

Exposição | No Centenário de Vasco Gonçalves

Entre os dias 1 e 29 de agosto de 2025, estará patente na Galeria de Exposições da Biblioteca de Azeitão, a mostra “No Centenário de Vasco Gonçalves”, promovida pela Câmara Municipal de Setúbal com a colaboração da Associação Conquistas da Revolução e da 4.ª Edição de Qualidade.
 
A inauguração da exposição realiza-se no dia 1 de agosto, às 16h00, e assinala simbolicamente os 100 anos do nascimento de Vasco Gonçalves, figura central do Processo Revolucionário em Curso (PREC) e um dos rostos mais marcantes da luta por uma sociedade mais justa, livre e solidária.
 
🕰 A exposição pode ser visitada de segunda a sexta-feira, das 09h00 às 12h30 e das 14h00 às 17h30.
 
📍 Local: Biblioteca Pública Municipal de Setúbal – Azeitão
 
Uma oportunidade para revisitar a história recente de Portugal e prestar homenagem a quem tanto deu ao país e às conquistas da Revolução de Abril.







 

A IMPORTÂNCIA DE SER BRANCO | Manuel Begonha - sócio da ACR

 A IMPORTÂNCIA DE SER BRANCO 

Manuel Begonha | sócio da ACR 

 

 

A política anti-imigração do Chega é uma fonte de ódio e ressentimento contra o estranho, especialmente quando não é branco. 
Também os mais carenciados passam a ver nele, o culpado dos seus males. 
Assim, se vai perdendo uma notável característica do nosso povo que era a tolerância, substituida por um racismo exacerbado. 

Uma referência ao genocídio vigente em Gaza. 
Se os palestinianos fossem ucranianos e os Israelitas russos, as piedosas e atormentadas almas de Trump e da UE, rasgariam as vestes e esgotariam toda a panóplia de sanções e condenações á Russia que pudessem imaginar. 

Face à actual conjuntura, decorrente da imigração, junto um texto que publiquei há anos, ao qual mudei o título 

A IMPORTÂNCIA DE SER BRANCO 

O culto da superioridade do homem branco tem vindo a ser inculcado ao longo do tempo, na maioria das manifestações artísticas , mas para desenvolver este tema vou recorrer por vezes ao cinema. 
Desde jovens que fomos habituados a ver nos filmes de "cowboys", o bom homem branco, a matar indiscriminadamente os maus nativos, designados por índios, selvagens ou peles vermelhas, que afinal apenas defendiam as suas terras do invasor. 
Contudo, mais recentemente surgiram alguns poucos realizadores que tentaram reabilitar a imagem do índio como Arthur Penn no filme "O pequeno grande homem". 
Numa cena inesquecível de outro grande filme, aliás, que é "Apocalypse Now", sob o som da Cavalgada das Valquirias de Richard Wagner, os heróicos combatentes norte-americanos, como invasores, voam galvanizados nos seus helicópteros para exterminar os enfezados e amarelados vietnamitas. 
Numa propaganda clássica ao colonialismo, o valente e luminoso Mouzinho de Albuquerque que, obviamente equipado com armas de fogo, subjuga, como se pode ver no filme "Chaimite", a força e o primitivismo do régulo rebelde Gungunhana, o leão de Gaza, a quem para humilhar mandou sentar no chão. 
Mas a Europa, Pátria da civilização branca, também tem países uns mais brancos do que outros. 
Depende da natureza da potência militar que os invade. 
É há ainda os refugiados e os imigrantes. 
Os sérvios massacrados quando da destruição de Belgrado, bem como outras nações da ex-Jugoslávia, ainda que europeus, tornaram-se baços que é a cor que os brancos adquirem quando são atacados pelos EUA /NATO. 
Os sírios e os libios, são de um branco tisnado e podem ser bombardeados e abandonados no Mediterrâneo como imigrantes, porque têm petróleo e outras matérias primas no seu território que não lhes compete explorar. 
O Iraque de tez mais escura, foi arrasado, uma vez que possuía, para além de petróleo, fantasmagóricas armas de destruição maciça. 
E uma vez desalojados os respectivos habitantes passam a inconvenientes imigrantes africanos. 
Na América Central existem imigrantes mestiços, índios e pobres que na procura de uma vida melhor nos ricos EUA, acabam por vezes com os cadáveres amontoados em camiões, como recentemente sucedeu no Texas. 
No meio deste panorama, para garantir a superioridade e hegemonia do paradigma liberal euro - norte-americano, a NATO torna - se cada vez mais forte, beligerante e expansiva, não apenas na Europa, mas também na América Latina, como indicia a sua presença na Colômbia. 
Entretanto decretou uma nova guerra fria e alterou o correspondente conceito estratégico, elegendo como inimigo principal a Rússia, seguida pela China. 
Declarou encontrar - se disponível para pôr na ordem qualquer "Filho de um Deus menor" que ouse contrariar a unipolaridade, decidida por este juiz e árbitro dos destinos do nosso mundo.

Armamento, Soldados, …preparar para a Guerra…. | Marques Pinto - sócio da ACR

 

Armamento, Soldados, …preparar para a Guerra….

Marques Pinto - sócio da ACR

 

Nos últimos meses em qualquer semanário, jornal diário, pasquim provinciano, revista e principalmente nos meios televisivos - que como sabem atingem os que não querem ler ou não gastam dinheiro em noticias de papel - há uma ou mais manchetes diárias sobre a guerra que virá a curto  ou médio prazo  -depende da seriedade do anunciante ou das ordens recebidas na estação ou redacção, atingir toda a população europeia seja da UE ou dos que já não estão ou dos que ainda não entraram….mas todos serão protegidos pelo Grande Manto de Protecção da NATO ou da OTAN se quisermos falar apenas em Português.

Sou militar reformado mas vivi a Guerra Colonial durante mais de 5 anos e quase sempre em “zonas operacionais” como na altura se designava as áreas onde decorriam acções de confronto militares ou zonas em que se movimentavam forças militares com fins operacionais.

Peço desculpa do “arrazoado” acima mas o principal assunto que me levou a escrevinhar este apontamento é falar ou alertar que por mais modernos meios que se utilizem o elemento humano é e será ainda por alguns anos, até ao aperfeiçoamento dos “robots”, a peça fundamental em qualquer conflito, fiquem a centenas de metros da frente de combate ou a centenas de quilómetros dessa mesma frente.

Se nos anos 60 e 70 mandámos para o combate moços com poucos meses de instrução e preparação porque os guerrilheiros que iam enfrentar eram na sua maioria moços e homens com armamento pouco sofisticado quero recordar que a partir de 1973 com a aparição de meia dúzia de pequenos mísseis transportados e disparados ao ombro por um único guerrilheiro, foi o suficiente para  paralisar quase a totalidade duma Força Aérea no território da Guiné inibindo durante alguns meses o apoio a evacuações de feridos.

Claro que se pensarmos um pouco, vemos que a formação de militares aptos para operar todo o tipo de meios militares mais modernos desde blindados, peças de artilharia apoiadas em sofisticados radares de detecção e seguimento dos projecteis, lançamento de mísseis mesmo de médio alcance exigirá homens de formação média ou superior, que duvido que sintam atracção para se alistarem ou por procurarem uma profissão mal paga e de risco.

Claro que todos sabemos que em tempo de paz garantida aparecem voluntários….mas em risco de guerra ? E se pensarmos que a exigência será em formados e de nível acima do décimo ano ??.

Mas claro que tudo o que acima escrevi será com certeza rebatido veementemente pela maioria dos políticos …

Apenas quero recordar que sempre que se fala em armas -fabricadas no estrangeiro, claro - sempre se começa a pensar no mínimo em muitas centenas de milhões de Euros e logo haverá quem diga que a Pátria sempre está primeiro e comprar armamento e pagá-lo é um dever patriótico.

Recordo aqui os célebres CINCO navios patrulhas comprados a preço de saldo num país nórdico…há muito poucos anos, que segundo me disseram
parece que já só dois se “arrastam” e não há dinheiro nem meios para recuperar os outros. Enfim cumpriram, estou certo a sua principal missão, foram pagos e com certeza os vendedores e intermediários não se arrependeram da operação.

Todos compreendemos por isso a celeridade com que os governos aceitam a GRANDE necessidade de nos armarmos já e em força, antes que os governantes mudem.

Mas voltando ao inicio…alguém se preocupa onde e como se vão formar os operadores de tais meios? Não é o recrutamento feito á moda de 1960 que poderá alguma vez permitir ter operadores de meios sofisticados e de alto preço, que mal manuseados custam milhões em reparação ou…substituição.

Claro que a preocupação de recrutamento é muito pouco popular e de certeza de rentabilidade quase nula a não ser as obras necessárias em muitos dos actuais quartéis semi-abandonados.

 

ACR | Centro Comunitário da Quinta do Conde | 20250709

 

 

Como anunciado, no passado dia 9 de julho lá estivemos à conversa focados no Artigo 7º da Constituição da República. Na primeira parte da iniciativa a prioridade foi dada às crianças que frequentam o ATL, ocuparam a primeira fila da plateia, algumas traziam o texto constitucional e questionaram-nos sobre o conteúdo do mesmo.

 


 

 

 

ISRAEL | Pedro Pezarat Correia

 

 



 

 

ISRAEL

Israel é uma fortaleza militar, pilar do poderio dos Estados Unidos da América (EUA) numa das áreas geoestratégicas mais sensíveis da Terra, a bacia do Mediterrâneo euro-afro-asiático.

Acresce que Israel é produto do processo de descolonização do Império Otomano, na sequência da Guerra Mundial 1914-1918 (IGM) que, maquiavelicamente, como sempre foi marca da política imperial britânica, Londres procurou gerir por forma a preservar os seus interesses. Por mandato da Sociedade das Nações (SDN) ao Reino Unido (RU) coubera, entre outros territórios, a administração da Palestina, onde coabitavam, pacificamente, comunidades cristã, judaica e muçulmana. Esta era largamente maioritária enquanto a judaica era apenas de cerca de 50.000 pessoas, distribuídas por vários colonatos, pela cidade portuária de Telavive e com significativa presença em Jerusalém, partilhada com cristãos e muçulmanos. Em 1919, o secretário de estado dos Negócios Estrangeiros britânico Arthur Balfour, pressionado pela influente comunidade judaica do RU, difunde a célebre Declaração Balfour prometendo aos judeus o “lar judaico na Palestina”. À maioria árabe, que não foi ouvida nem achada nesta decisão arbitrária da potência para-colonial, limitou-se a dizer “cheguem-se para lá que isto agora passa a ser terra judaica”. Foi neste contexto que, em 1948, depois da Segunda Guerra Mundial (IIGM), nasceu o estado de Israel.

Com ele nascia também o conflito na Palestina, com a sistemática perseguição e expulsão da comunidade árabe e atração de judeus para alterar a correlação demográfica das várias comunidades, com a progressiva e violenta expansão territorial de Israel à custa dos Estados vizinhos, com a transformação de Israel num Estado de regime de apartheid onde a maioria árabe foi forçada à emigração ou à sujeição a um estatuto discriminatório na sua própria terra. À Palestina, com um território privado de continuidade, com acesso aos recursos aquíferos vitais para uma comunidade maioritariamente camponesa controlado por Israel, com circulação nas estradas condicionada, com acessos ao exterior limitados, é negada a possibilidade de constituir um Estado. Entretanto Israel, a seu bel-prazer e com proteção armada face a uma autoridade palestiniana desarmada, vai construindo colonatos nas terras da Palestina potencialmente mais produtivas.

Toda esta política de Israel tem sido objeto de reiterada condenação da Organização das Nações Unidas (ONU). Israel é o Estado membro com maior número de resoluções da ONU por cumprir. Beneficiando de um estatuto de exceção e impunidade, não respeita nenhum acordo, mesmo aqueles que assinou. O Acordo de Oslo, concluído em 1993 que, apesar de leoninamente favorável a Israel, consagrava a solução dos dois Estados, selou-se pelo assassinato do primeiro-ministro Yitzhak Rabin por um israelita a mando nunca se apurou de quem. É hoje letra morta para os atuais dirigentes sionistas. Com a complacência dos dirigentes políticos ocidentais que patrocinaram aquele acordo.

Quando, depois da vitória na IIGM, os EUA se substituíram ao RU como potência marítima global, assumiram por inteiro o patronato de Israel como a fortaleza garante do seu domínio imperial no Médio Oriente. Pelo valor posicional geoestratégico no cruzamento dos eixos norte-sul e leste oeste, pelo controlo regional dos recursos energéticos, como agente perturbador numa zona civilizacionalmente muito instável, Israel é uma praça fundamental de Washington na sua ambição de preservar um estatuto que, na realidade, já não detém, o de líder de um sistema mundial unipolar.

Por isso chegou ao ponto de, violando todos os acordos, nomeadamente o Tratado de Não-Proliferação Nuclear, dotar Israel de armas nucleares. Mas clandestina, porque não se assume como tal. Daqui a inqualificável hipocrisia com que vemos Israel, com o apoio do ocidente alargado, proclamar que o Irão nunca poderá dotar-se de armas nucleares. Israel é o último Estado com legitimidade para esta exigência. O certo é que, fazendo-o, está à beira de lançar o mundo numa terceira guerra mundial que, a acontecer, atingirá o paroxismo de um conflito com armas nucleares. Ninguém quer ver o óbvio: a desnuclearização do Médio Oriente não passa pelo impedimento do Irão à arma nuclear, passa, isso sim, pelo desarmamento nuclear de Israel. Então, sim, será legítimo impedir que o Irão atinja esse patamar.

Como a hipocrisia não tem limites, Israel, o Estado mais agressivo e desestabilizador em todo o Médio Oriente tem, no dizer das cabeças iluminadas que nos governam, o direito a defender-se. Direito que é negado aos palestinianos, há décadas sujeitos à permanente pressão agressiva de Israel, que atualmente se traduz no genocídio cruel, racional, a frio, de um povo, ao qual o mundo assiste passivamente.

Deixo aqui uma profecia para o futuro, a que já não assistirei: a paz na Palestina já não passa pelos dois Estados. Israel tornou essa solução uma miragem. A solução passará por um só Estado, a Palestina, laico, onde conviverão todos, cristãos, judeus, muçulmanos, ao qual regressarão os milhões de palestinianos que a perseguição sionista obrigou ao exílio

Nós, europeus, todos, temos pesos nas consciências pelas perseguições a que, durante séculos, condenámos os judeus. Que atingiu as raias do inimaginável na Alemanha nazi e nos países por ela ocupados. Agora estamos a procurar sanar as nossas culpas e aliviar as nossas consciências, solidarizando-nos com os judeus à custa dos palestinianos. Só que não foram os palestinianos os agentes das perseguições seculares aos judeus. FOMOS NÓS.

16 de junho de 2025

Não à escalada belicista, pela segurança coletiva na Europa

 

 


 

O texto que se publica serviu de base à participação, a convite[i] do Dr. João Oliveira, na sessão que teve lugar no Parlamento Europeu nos dias 11 e 12 de Junho. A pesquisa e reflexão realizada para essa finalidade tiveram que ser resumidas a uma comunicação oral de 15 minutos e que, na versão escrita, se situasse nos 9500 caracteres.

Para ler a intervenção clique AQUI

[i] Exmo. Major-General Jorge Aires 

As delegações do Partido dos Trabalhadores da Bélgica, do Partido Progressista do Povo Trabalhador - AKEL, de Chipre, do Movimento SUMAR, de Espanha, do SYRIZA, da Grécia, do Movimento Cinco Estrelas, de Itália, e do Partido Comunista Português, estão a organizar um seminário, no âmbito do Grupo da Esquerda Unitária Europeia / Esquerda Verde Nórdica - A Esquerda no Parlamento Europeu, subordinado ao tema “80 anos após o fim da Segunda Guerra Mundial: Construir a paz e a segurança colectiva”.

A iniciativa terá lugar no Parlamento Europeu, em Bruxelas, nos dias 11 e 12 de Junho.

O primeiro dia contará com dois painéis, no período compreendido entre as 16h30 e as 19h. O primeiro painel subordinado ao tema ‘No 80º aniversário da Vitória que a barbárie do fascismo e da guerra nunca mais aconteça’ e o segundo painel subordinado ao tema ‘A importância da luta pelo desarmamento e pela paz’. O segundo dia contará novamente com dois painéis, no período entre as 9h30 e as 12h30. O terceiro painel subordinado ao tema ‘Não à escalada belicista pela segurança colectiva na Europa’ e o quarto painel subordinado ao tema ‘Direitos! Nada de canhões! Mais dinheiro para direitos e progresso social, não para armamento e guerras’.

Gostaríamos de o convidar a participar neste seminário, nomeadamente com uma intervenção de 15 minutos no terceiro painel do dia 12 de junho com uma intervenção alusiva ao tema a que o painel está subordinado: ‘Não à escalada belicista pela segurança colectiva na Europa’. 

No ano em que se assinalam os 80 anos após a vitória antifascista e o fim da Segunda Guerra Mundial, a Humanidade enfrenta a grave ameaça de um conflito de proporções catastróficas, na era nuclear, que poderá colocar o seu futuro em risco.

A incessante expansão da NATO, a crescente militarização da UE, a espiral da corrida aos armamentos, o incitamento à tensão e ao confronto nas relações internacionais, a imposição de ingerências, sanções e bloqueios, a militarização das relações comerciais, a escalada belicista, o desrespeito pelos acordos e a obstrução às iniciativas diplomáticas para encontrar soluções políticas para os conflitos – aumentam o perigo de uma nova guerra de grandes proporções.

Tendo em vista a próxima Cimeira da NATO, nos dias 24 e 25 de Junho de 2025, a iniciativa visa combater a lógica de blocos e a narrativa militarista promovida pela UE e pela NATO, criando espaço para o diálogo com vista à paz e propondo uma alternativa progressista focada na redução da tensão, na segurança e cooperação colectivas, na paz e no desarmamento, à luz da Acta Final da Conferência de Helsínquia de 1975 e dos princípios da Carta das Nações Unidas. Com isto, pretendemos abrir o caminho para o desenvolvimento económico e social, caracterizado, entre outros importantes aspectos, pelo aumento das despesas sociais, dos direitos dos trabalhadores, da segurança energética e de um ambiente sustentável.

 

 

ACR | Núcleo do Porto | Apresentação do livro O Novembro que Abril não merecia

 

 Apresentação do livro
O Novembro que Abril não merecia
(Iniciativa do Núcleo do Porto da ACR)

 

 Para ler o documento clique

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ACR | 50 ANOS DE ABRIL! A Exposição comemorativa do centenário do nascimento de VASCO GONÇALVES continua o seu itinerário

 50 ANOS DE ABRIL!
A Exposição comemorativa do centenário do nascimento de VASCO GONÇALVES continua o seu itinerário

 

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A JUVENTUDE, A CULTURA E A DEFESA DO FUTURO | Manuel Begonha - sócio da ACR

 

A JUVENTUDE, A CULTURA E A DEFESA DO FUTURO

Manuel Begonha - Sócio da ACR

 

Várias têm sido as causas apontadas para a ascensão da extrema - direita em Portugal.
No que respeita à juventude não é despicienda a falta de hábito de leitura e o desconhecimento da nossa história recente que lhe tem retirado espírito crítico que a torna vítima fácil das mais perigosas demagogias.
E não se diga que são temas que não lhe despertam interesse. Os militares e associações como a URAP que há muito se têm deslocado a escolas e universidades, a convite de alunos e professores para falar acerca do que foi a Revolução de 25 de Abril de 1974, têm encontrado grande receptividade.
Por outro lado, os militares e civis que durante 10 meses, de Outubro de 1974 a Agosto de 1975, tempo de duração das campanhas de dinamização cultural, realizaram por todo o país cerca de 2000 sessões de esclarecimento.
Outras entidades desenvolveram campanhas de alfabetização. Fez-se o que  foi possível.
Mas não são estas actividades que constituem a educação de um povo.
Tal, deverá competir aos estabelecimentos de ensino.
Assim sendo, será conveniente lembrar que naqueles não se ensinam os antecedentes, a concretização e os acontecimentos que se seguiram ao dia 25 de Abril de 1974.
A verdade, é que os governos constitucionais não introduziram estas matérias nos programas escolares.
Não será relevante que para a educação cívica e política dos nossos jovens lhes fossem dados a conhecer os factos seguintes :

- Os episódios que se seguiram à implantação da República em 1910

- A chegada de Salazar ao poder 
- O que constituiu a ditadura salazarista e o avanço do fascismo via Mussolini 
- A repressão e a censura 
- A acção da PIDE com cerca 22000 agentes 
- As prisões arbitrárias 
- A supressão de direitos, liberdades e garantias 
- A resistência anti-fascista 

A luta anti fascista foi levada a cabo por várias associações civicas, envolvendo militares e civis, como católicos progressistas, anarquistas, sindicalistas, republicanos, monárquicos e estudantes. 

A verdade histórica diz-nos que foram presos, torturados e assassinados pela PIDE, desde as respectivas instalações na Rua António Maria Cardoso em Lisboa, às prisões de Peniche, Aljube, Caxias, Ponta Delgada e várias outras, sem esquecer o Campo de Concentração do Tarrafal em Cabo Verde, na sua maioria comunistas. 
Isto, porque o PCP era o único partido existente e organizado neste período, fundado em 6 de Março de 1921 em Lisboa. 
O PS, apenas o foi em 19 de Abril de 1973 em Bad Munstereifel na Alemanha. 

- A guerra colonial e as suas consequências 
- A organização e o Programa do MFA 
- A chamada revolução de Abril de 1974 teve três fases decisivas :

. O Golpe Militar, em que um grupo de jovens militares do MFA toma o poder, derrubando o governo de Marcelo Caetano, pondo fim a uma ditadura que durou 48 anos. 

. O primeiro 1 de Maio 
Gigantescas manifestações de rua onde se consolida a ligação do povo ao MFA 

. Os Governos Provisórios 
O período mais transformador da Revolução, ficou a dever-se à luta determinada dos trabalhadores e do povo que uma vez unidos ao MFA, durante os 4 Governos Provisórios presididos pelo General Vasco Gonçalves, foi capaz de responder às necessidades mais prementes dos portugueses, assim lançando os alicerces para a construção de uma nova sociedade, dando cumprimento ao determinado no Programa do MFA. 
Foi nesta fase que ocorreram as grandes alterações democráticas chamadas Conquistas da Revolução, muitas das quais foram consagradas na Constituição da República Portuguesa.

- As eleições para a Assembleia Constituinte 

- A Constituição da República Portuguesa 
. A 2 de Abril de 1976 foi aprovada pela Assembleia Constituinte, a Constituição da República Portuguesa, tendo-se deslocado propositadamente á Assembleia da República para a respectiva promulgação, o Presidente da República, General Costa Gomes. 

. Á juventude portuguesa 

Ainda temos uma Constituição da República que após 7 revisões, continua a ser o garante da democracia. 
É uma Constituição que verte para si os direitos individuais consagrados na Declaração Universal dos Direitos do Homem e que defende a independência e soberania nacionais e que nos leva a lutar pela sua defesa e a exigir o seu cumprimento. 
Se o fizermos, lutaremos pela nossa dignidade e honraremos a memória de todos os que a tornaram possível.

UM PAÍS COM DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS | Texto de Manuel Begonha e Nota Complementar de Jorge Aires

 

UM PAÍS COM DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS

Vários militares que se distinguiram de variadas formas na concretização da Revolução de 25 de Abril de 1974, quando da sua morte e respectivo funeral, foram ignorados pelos poderes políticos.
No entanto, foram combatentes pela libertação do país, revolucionários que lutaram contra o estado fascista, ou tiveram um papel determinante nesse dia luminoso, ou continuaram a sua actividade transformadora para além dessa data.
E nada lhes foi concedido. O que conseguiram teve que ser imaginado e conquistado.
Como foram muitos, a quem não conseguiram deturpar o pensamento, fazendo-os tolerar o autoritarismo, e para não cometer nenhuma injustiça irreparável por omissão, limitar-me-ei a destacar adiante aqueles que conheci bem e de quem fui amigo.
E contudo, a estes nenhuns erros foram perdoados.
Por outro lado, outros que estiveram com a ditadura salazarista em funções governativas, e ainda que após o 25 de Abril, tivessem feito obras meritórias, quando do seu funeral tiveram honras de Estado.
Rapidamente o seu passado foi esquecido e nada pesou na avaliação do respectivo percurso de vida.
Valeram por aquilo que quiseram apreciar neles.
Parece então que lutar pela liberdade, penaliza e desvirtua os que nesta tarefa se envolveram, também porque não quiseram ficar presos ao acaso. Escolheram um caminho para o futuro.
Para estes, não houve no seu funeral a presença do Presidente da República ou do primeiro-ministro, nem votos de pesar no parlamento, passagens pelo Mosteiro dos Jerónimos, ou decretados dias de luto.
São figuras de todos conhecidas.
É preciso então nomeá-los, como quem nomeia o tempo, para que apesar de tudo não se afastem da nossa memória.
Vasco Gonçalves e Rosa Coutinho, Dinis de Almeida e Costa Martins, Varela Gomes e Ramiro Correia, Costa Santos e Eurico Corvacho.
Lembro aos mais jovens que procurem conhecer melhor quem foram estes militares que cumprindo ao longo da sua vida os seus ideais sem tergiversações, garantiram que vivam hoje num Portugal mais moderno, livre e democrático, com uma Constituição da República avançada , embora ainda com uma gritante desigualdade social.
Aos mais velhos, apelo a que não se esqueçam da obrigação de reparar as injustiças, a que estes homens foram sujeitos.
Mas, o seu passado não está morto. Nada está quieto. Não há ninguém que consiga calcar aquela terra.
Dizia Marguerite Yourcenar "que a vida para cada homem é uma derrota assumida".
Para estes não foi.
No fim, para tais patriotas haverá sempre uma luz do outro lado do silenciamento.

Manuel Begonha

 

ACR |NÚCLEO DO PORTO 20250424 - CASA DO VILAR | INTERVENÇÃO DE ANTÓNIO LIMA COELHO

 

Associação Conquistas da Revolução

Núcleo do Porto

 

 


 

Jantar Comemorativo dos 51 anos do 25 de Abril

 

Intervenção de António Lima Coelho

 

 

Caros Amigos e Amigas, eu vou tentar ser breve e vou tentar fazer chegar a todos vós aquilo que são as palavras e as emoções que neste momento estou a sentir.

Quero começar por agradecer à ACR e ao Jorge Sarabando em particular, a gentileza de me convidar para esta sessão comemorativa. Uma palavra e saudação à Amélia Muge, logicamente, e à Ana Ribeiro que nos vai também presentear com um momento musical. Permitam-me ainda endereçar os votos de boas melhoras à nossa amiga Ilda Figueiredo e a saudação nestes 49 anos do CPPC.

Mas, como disse o Jorge Sarabando, estamos hoje a comemorar os 51 anos de uma revolução que teve nos militares um papel fundamental e em que, em boa hora, o povo português aderiu tornando um golpe militar numa verdadeira revolução, que em muitos aspectos continua por cumprir.

Mas é para mim um motivo de grande satisfação estar aqui também com o dirigente da Associação Nacional de Sargentos, o meu camarada António Assunção, Secretário da Direcção, e com o dirigente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia de Segurança Pública, Sérgio Santos, Vogal pelo Comando Metropolitano do Porto. Motivo de grande satisfação porque, nesta cidade do Porto, como Sargento das Forças Armadas, tem um significado muito especial que todos vocês poderão entender muito bem.

Na nossa história não é comum homenagearem-se os vencidos. Geralmente a história fala e é relatada pelos vencedores. Mas temos nesta cidade, no cemitério do Prado do Repouso, um monumento de “Paz aos Vencidos do 31 de Janeiro”!

Curiosamente, amigos e amigas, aos militares só foi reconhecido o direito ao associativismo socioprofissional 27 anos depois da Revolução de Abril e, mesmo assim, continua a ser de uma forma muito mitigada. Este ano foi, mais uma vez, apresentado na Assembleia da República um projecto de resolução para o reconhecimento formal e oficial do 31 de Janeiro como o Dia Nacional do Sargento. No próprio dia 31 de Janeiro, estávamos aqui no Porto a assinalar e a comemorar o Dia Nacional do Sargento, como o vimos fazendo desde há muitos anos, quando recebemos a notícia de que, no próprio dia 31 de Janeiro, na sessão da Assembleia da República, o projecto tinha sido chumbado pelo PS, PSD, CH, IL e CDS. Aqueles que mais usufruem, ainda hoje, do resultado da obra dos militares, continuam a segregar alguns dos seus militares.

As sessões solenes acontecem, e muito bem, e não devem deixar de acontecer, porque, seguramente, entre outras coisas, seria algo que o Papa Francisco quereria, que se continuasse a fazer a festa, a festa da Paz, da Liberdade, da fraternidade, valores que ele próprio prosseguia. Pois, aqueles que nas sessões solenes homenageiam, e muito bem, os militares de Abril, invariavelmente Oficiais, continuam a negar aos Sargentos o seu papel na obra que é a República, este regime em que vivemos, que teve em 31 de Janeiro de 1891 o seu primeiro impacto com a Revolta do Porto, e que 19 anos depois foi uma realidade, como também disse Jorge Sarabando, com um papel determinante de nove bravos Sargentos na Rotunda, em Lisboa, sobre quem Machado Santos, um ano depois, escreveu que os nomes daqueles nove bravos Sargentos de Artilharia deveriam ficar gravados a ouro na história nacional. Para além da Associação Nacional de Sargentos, não há muito quem fale sobre estes Sargentos na nossa história.

Ora, é também isto que aqui estamos a comemorar. É isto que hoje também aqui estamos a defender e eu, que era um jovem de 15, 16 anos na altura da Revolução, considero-me um militar de Abril. Não participei operacionalmente no golpe, mas sou um Militar de Abril. Mais, sou um Militar por Abril, assim como sou um Militar Republicano! Mal corria se apenas aqueles que participaram em 1910 na implantação da República pudessem ser considerados republicanos. Não! Todos nós somos por Abril e devemos continuar a alimentar esta semente, devemos continuar a cuidar desta flor para que os cravos não sejam apenas mais um “modismo”, mas para que os cravos sejam, de facto, aquela flor que cada um de nós quer que floresça todos os dias, em todos os lados.

Estamos a comemorar 50 anos da Assembleia Constituinte, a primeira eleição em liberdade e que ultrapassou os 90% de participação. Não mais na nossa história tivemos uma adesão desta dimensão. O desencanto de muita gente foi alimentado por quem não queria que o povo tivesse uma participação activa e constante na construção do seu próprio futuro. Temos visto e ouvido muitos discursos bonitos, mas, invariavelmente, são poucos os que levam ao apelo e à consciência de termos de votar, e votar sempre, porque essa é, de facto, a nossa grande arma. E, quanto mais não fosse, até por uma questão de solidariedade, mas sobretudo, uma questão de respeito por aqueles que perderam a vida naquela longa noite repressiva, para que hoje tenhamos o direito de voto. O meu apelo é para que exerçamos, sempre, o nosso direito de voto que, mais do que um direito, é um dever, como diz a Constituição no seu Artigo 49º: é um direito, mas é também um dever cívico.

Gostaria de aqui lembrar, exactamente porque estamos com os 50 anos da Constituinte e nos 49 anos da Constituição de Abril, que é, e ainda é “A Constituição de Abril”, apesar de todos os ataques que já lhe fizeram e de todos aqueles que gostariam de ter feito, devemos continuar a defender esta Constituição que, nós militares, juramos e juramos defendê-la com a vida, se necessário, para que os demais cidadãos possam continuar a usufruir dos seus direitos ali consagrados e que, mesmo não concordando com alguns deles, estejamos disponíveis para dar a nossa vida para que eles continuem a ter a liberdade de poder pensar diferente. Este é um conceito que muita gente não percebe e alguns até gostariam que assim não fosse.

Mas temos de continuar a defender os valores que a nossa Constituição, a Constituição de Abril, plasmou. Por exemplo, o Papa Francisco, que nestes dias tem sido tão falado, até por alguns que dele tão mal disseram e que agora o procuram endeusar (enfim, a coerência fica para com quem a tem), mas o Papa Francisco disse, entre muitas das coisas que disse, que “o dinheiro é para servir, não é para governar!”, de acordo com o Artigo 80º da Constituição que diz que o poder económico deve estar subordinado ao poder político. No entanto, isto é tudo ao contrário daquilo que temos visto desde há muitos anos. A Constituição tem que ser defendida. A Constituição tem que ser exercida e cada um de nós tem a obrigação e o dever de trabalhar nesse sentido.

É com muito gosto que hoje vemos que os nossos amigos, os nossos camaradas, os nossos cidadãos que asseguram a nossa segurança (passe o pleonasmo) hoje têm o direito sindical reconhecido, com limitações, é verdade, mas é um direito sindical. Podem negociar, enfim, com as dificuldades que sabemos, mas, aos militares, aqueles que trouxeram ao povo aquilo que é, hoje, algo de que nos podemos e devemos orgulhar, aos militares continuam a ser negados direitos fundamentais. Contudo, exige-se-lhes que dêem a vida, se necessário, para defender esses direitos que eles próprios não podem usufruir. Ora, amigos e amigas, melhor defenderá o direito de outros, aqueles que puderem conhecer, usufruir, experienciar esses mesmos direitos que são chamados a defender para outros, com a própria vida, se necessário.

É com este conhecimento, é com esta experiência, que nós temos de continuar a lutar por Abril. Estamos a uns dias de mais um acto eleitoral. Vamos ser chamados a eleger 230 deputados para a Assembleia da República. Não vamos eleger primeiros-ministros, ao contrário do que incessantemente alguns nos querem fazer acreditar. Elegemos deputados. Espero e desejo que os números da abstenção continuem a baixar ou que venham a cair ainda mais. Porque é importante participar. É importante que digamos “Presente!”. É importante que façamos em cada dia das nossas vidas, e particularmente em dias de eleição, a construção do Portugal democrático, o Portugal de Liberdade, o Portugal de verdade, que o 25 de Abril nos quis trazer. A luta continua, e tem de continuar, como disse o Jorge Sarabando, porque a Paz, a Liberdade, a Democracia, não se alcançam apenas com bonitos discursos.

Na minha condição de militar há um valor fundamental pelo qual me quero bater todos os dias da minha vida: é o valor da Paz, uma das grandes conquistas da Revolução. O fim das guerras coloniais e o fim do sacrifício dos povos dos vários países em que aconteciam. E quando afirmo bater-me pelos valores da Paz, há muita gente que questiona: “Mas, um militar a falar de Paz?”. É exactamente por isso, pois mais ama a Paz aquele que conhece os horrores da guerra. E ser militar é completamente diferente de ser militarista. Há por aí muitos militaristas. Alguns deles, muitos deles, nem sequer envergam um uniforme. Mas o Militar que se preza de o ser, é alguém que tem a consciência que detém, porque lhe foram confiados pelo povo, os meios letais para a defesa militar da República e para a defesa dos seus concidadãos.

E, digo mais, militar não é apenas quem enverga um uniforme ou serve nas Forças Armadas, como se generalizou. Se formos aos dicionários da língua portuguesa (aqui também homenageando os 500 anos de Camões) mesmo aos mais simples, vemos que militar é também empenhar-se, empregar-se na luta de todos os dias, é alguém que milita, que trabalha, que exerce, que combate por causas e convicções em que acredita.

Eu sou um Militar das Forças Armadas, um Militar de Abril, mas também da Cidadania, e da Liberdade, e da Democracia, e da PAZ!

Viva o 25 de Abril!

25 de Abril, Sempre!

Fascismo nunca mais!

 

Porto, Casa de Vilar, 24 de Abril de 2025